Nosso Mundo Individualista
- Pr. José Aldoir Taborda
- 27 de jan. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 21 de jul. de 2018

"O óleo e o perfume alegram o coração; assim o faz a doçura do amigo pelo conselho cordial". Provérbios 27:9
Outro dia, lendo a comovente história da amizade de Rute com sua sogra Noemi, deparei-me a divagar sobre os relacionamentos humanos em nossa época, a pensar no pouco espaço que temos para a construção de amizades genuínas, expressões de carinho e para o desenvolvimento de um companheirismo desinteressado.
Num mundo competitivo, negociante, individualista, mostrar amor é um mau negócio, pois há sempre o pensamento de o outro vai se aproveitar, explorar, cobrar. Este tipo de conceito tem levado homens e mulheres, jovens e velhos a esconderem seus sentimentos, tanto os bons quanto os maus.
Antigamente era comum às pessoas esconderem as coisas más ou erradas que faziam, para manter uma imagem, hoje, todavia, escondemos também aquilo que é bom.
Escondemos a ternura, o encantamento, o agrado em ver, em acariciar, em cooperar; escondemos a gentileza, a alegria, o romantismo, a poesia, sobretudo o brincar com o outro. Desistimos de compartilhar, de fazer amigos. As pessoas adotam uma postura defensiva e crítica nos relacionamentos, e o comentário que mais ouvimos é: “ah! Se todos fossem compreensivos, corretos, educados, bem intencionados. Certamente mundo seria muito diferente”!
Essa é a frase que mais ouço nos meus contatos com amigos e irmãos em Cristo, especialmente cada vez que alguém se refere a uma falta que outro cometeu. Todas as pessoas que falam comigo parecem tão boas, compreensivas, amáveis e espirituais. “Ele não podia ter feito isso, não é coisa de crente” - dizem.
O que há de errado com este pensamento? Nada! É a mais pura verdade! O que não dá para compreender é como há tanta maldade num mundo de gente tão boa.
É mais curioso ainda quando ouvimos as pessoas combatendo o egoísmo, criticando aqueles que não pensam nos outros. Faz-me lembrar o comentário de um amigo meu, a sensação de abandono e solidão: - Todo mundo só pensa em si, só eu que penso em mim”. Infelizmente esse é o caso típico de pessoas frustradas que não enxergam nada além de seu umbigo, razão pela qual vivem sofrendo com muitas dores de cabeça, úlceras, depressão, insatisfação pessoal, frustração.
As pessoas precisam, ou melhor dizendo, todos nós precisamos aprender que o segredo da felicidade está em amar a Deus sobre todas as coisas e ao seu próximo como a si mesmo (Mt 22.37-39). A falta de Deus na vida tira da pessoa o foco principal de sua motivação, limita a capacidade de discernir o que pode ser bom ou mau e o efeito dessa ausência de Deus pode resultar em fracasso e frustração. Afastar-se dos amigos, ou nem ao menos preocupar-se em construir amizades, provoca solidão, angústia, desespero. Jamais houve tanto problema de frustração, depressão, ansiedade, medo, baixa auto estima, como nos tempos atuais. E isso certamente é causado pela falta de associação com outras pessoas, falta de uma relação de camaradagem que expressa bondade entre os indivíduos.
Ninguém é uma ilha. Deus nos fez interdependentes porque dessa maneira podemos desenvolver-nos adequadamente e com mais saúde emocional. Pensar no outro é terapia. Jesus ensinou: “amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”, demonstrando que a doação mútua é construtiva, fortalecedora. Quem tem amigos vai menos ao psicólogo, toma menos medicamentos e economiza dinheiro no lazer.
Se queremos a felicidade, não devemos ficar esperando que o mundo melhore. Precisamos aprender que o verdadeiro “pensar em si”, o verdadeiro “amar a si mesmo” se completa na relação de mutua cooperação com o outro. Nossa realização pessoal vem na proporção em que nos habituamos a pensar no outro como uma extensão de nossa vida. E, se todos pensarem assim, não teremos mais problemas de egoísmo e ainda estaremos sempre sendo ajudados, compreendidos, amparados por aqueles que pensam em nós na mesma forma que pensamos neles.
Precisamos aprender que o individualismo é mortal, e por isso a Bíblia diz: “melhor é serem dois do que um, porque se um cair, o outro ajuda a levantar”. Talvez seja certo afirmar que pensar em si é o mesmo que pensar primeiramente no outro.
Façamos um propósito de sermos "outro-centrados". Ser importante aos seus próprios olhos não é construtivo, pois você só será importante quando os outros assim o considerarem, e, para ser considerado por eles, precisas fazer algo a seu favor. Preste atenção a quem está do seu lado.
Pr. José Aldoir Taborda
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